Problema frequente em adultos, a síndrome do impacto do ombro requer tratamento precoce para evitar consequências mais graves.
Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
A síndrome do impacto ou colisão do ombro incomoda bastante.
A pessoa sente dor quando levanta ou estica o braço.
Dependendo do estágio da doença, ocorrem dores noturnas e perda de força impedindo a realização de algumas ações.
É um problema inflamatório e degenerativo que ocorre quando há compressão de tendões e outras estruturas do ombro, em função de sobrecarga.
A síndrome do impacto ou colisão do ombro é muito comum em atletas profissionais ou amadores, atinge especialmente aqueles que praticam esportes nos quais o uso dos braços é muito intenso, como vôlei, natação, tênis e golfe.
Mas sedentários também sofrem com a síndrome do impacto do ombro, por conta da fraqueza muscular.
Trabalhar realizando movimentos repetitivos é outro fator de risco.
Digitar durante horas no computador ou fazer o mesmo gesto na linha de produção de fábrica inúmeras vezes, são exemplos de tarefas que afetam as estruturas do ombro.
Até o desgaste natural do envelhecimento pode provocar a síndrome do impacto do ombro, após os 40 anos de idade.
Em resumo, a falta de preparo físico e o uso contínuo dos ombros ao longo do tempo, desequilibram a estrutura perfeita dos ombros, gerando atrito, sobrecarregando os tendões e causando inflamação.
A condição favorece o aparecimento de bursite e tendinite, ambas doenças originadas em processos inflamatórios.
O ombro é uma estrutura complexa e muito eficiente.
São vários músculos, ligamentos e ossos conectados. Um conjunto que garante alto grau de mobilidade, com um arco de movimento de praticamente 360 graus de rotação.
Isto é possível porque o encaixe ósseo é mínimo.
Por isso, o ombro depende muito de ligamentos e músculos fortes para se manter estável, firme.
O músculo deltoide, ao se contrair, faz o movimento de elevação do braço e ascensão da cabeça do úmero (o osso do braço).
Outro grupo muscular, chamado manguito rotador, também realiza o movimento de elevação do ombro, porém, em direção contrária, fazendo a cabeça umeral descender.
A falta de exercícios físicos ou o excesso de uso do ombro em movimentos repetitivos, enfraquece o manguito rotador, causando fadiga e atrofia muscular.
É um fator de desequilíbrio que faz com que o músculo deltoide passe a predominar sobre o manguito rotador.
No espaço entre a cabeça do úmero e o osso acrômio, encontram-se o tendão supraespinhal e a bursa, uma bolsa que secreta líquido lubrificante para a articulação, para suavizar o impacto entre ossos e as partes moles do ombro.
O desequilíbrio de forças musculares leva à redução desse espaço e compressão das estruturas.
A síndrome do impacto do ombro é a causa da bursite e da tendinite do supraespinhal.
O tratamento clínico resolve a maioria dos casos. É baseado no uso de analgésicos e anti-inflamatórios, repouso e sessões de fisioterapia para reforçar a musculatura do manguito rotador.
Nos casos mais severos, com alto grau de degeneração, ocorre o rompimento do tendão supraespinhal e é necessário reparar por meio de uma cirurgia.
O ortopedista é o médico que faz o diagnóstico da síndrome do impacto do ombro.
O médico avalia o histórico do paciente, testa os movimentos do braço e, se necessário, solicita exames de imagem.
Se você está sentindo dores no ombro, procure ajuda médica o quando antes. Impeça o progresso da doença.
O tratamento precoce sempre traz melhor resultado.