A tendinite do ombro é uma doença inflamatória nos tendões e pode ser tratada sem cirurgia. Sessões de fisioterapia por um tempo prolongado conseguem resultados satisfatórios na maioria dos casos. Só quando o tratamento conservador não dá resultado, devemos optar pela solução cirúrgica.
Por Fernando Ciganava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
A tendinite do ombro é uma doença comum. Estima-se que 20% das queixas de dores ortopédicas estão relacionadas ao problema.
Só não são mais frequentes do que as reclamações de dores na coluna.
Muitos pacientes que sofrem com a tendinite do ombro se frustram e chegam a duvidar da possibilidade de cura.
É que o tratamento da doença progride lentamente, pode levar anos, exigindo disciplina e paciência.
Por ser um problema relevante e difícil de resolver, surgem os questionamentos e a dúvida: será que a única solução é a cirurgia?
Para responder à questão, precisamos entender mais sobre a doença.
A tendinite é uma inflamação dos tendões.
Estes cordões fibrosos e resistentes prendem os músculos aos ossos e garantem a força para nossos movimentos.
O processo inflamatório surge por causa do uso do braço em sobrecarga.
Ou seja, quando você submete o seu braço a um esforço maior do que ele aguenta, se expõe ao risco de provocar inflamação nos tendões.
Quem tem músculos fracos, por não praticar exercícios de fortalecimento ou por já ter muita idade, pode desenvolver tendinite mesmo fazendo pequenos esforços.
Arrumar a casa ou passar muito tempo digitando no computador, às vezes é o suficiente para gerar inflamação.
Uma condição que favorece a instalação do processo inflamatório é a Síndrome do Impacto do Ombro.
O impacto, no caso, é entre o úmero (o osso do braço) e o acrômio (uma proeminência da escápula).
Quando elevamos o braço, o úmero toca no acrômio provocando dor.
Fica mais fácil entender observando a figura a seguir.
A síndrome ocorre tanto em atletas que submetem os ombros a grandes esforços, quanto em pessoas sedentárias, que sofrem de fraqueza muscular.
Entre as estruturas ósseas estão os tendões do manguito rotador e a bursa (uma bolsa com líquido que lubrifica e protege as articulações).
Por isso o impacto constante entre o úmero e o acrômio tem como consequência a tendinite (inflamação do tendão) e a bursite (inflamação da bursa).
Caso queira saber mais sobre a Síndrome do Impacto do Ombro leia o artigo que escrevi sobre o tema:
O que é a Síndrome do Impacto do Ombro
O agravamento da tendinite do ombro causa muita dor e chega a comprometer atividades sociais e profissionais.
Por isso, quanto antes começar a tratar, melhor para afastar o risco de ter que conviver com um problema crônico.
Medicamentos podem ser usados para a dor, mas a inflamação só vai desaparecer com o fortalecimento dos músculos do ombro.
Quando o grupo muscular do manguito rotador está forte, a articulação se estabiliza e evitamos o atrito entre os ossos, que é a causa primária da tendinite.
A fisioterapia é a melhor maneira de trabalhar os músculos e tratar a tendinite do ombro.
Nada de tentar fazer isso na academia quando a o ombro já está doente.
O fisioterapeuta é o profissional capacitado para conduzir os exercícios específicos que amenizam as crises de dor e podem curar a doença.
Recomendo um período de 6 meses de terapia fisioterápica, com 3 sessões semanais.
A cirurgia consiste em aumentar o espaço subacromial realizando uma raspagem na região inferior do acrômio.
Na maioria dos casos, com o aumento do espaço subacromial, ocorre uma descompressão dos tendões e da bursa, as estruturas desinflamam e a dor vai embora.
O tratamento não é realizado em todas as pessoas porque, como vimos, a tendinite pode ser curada sem cirurgia.
Somente quando a pessoa já passou pelo tratamento fisioterápico prolongado e não obteve sucesso, pensamos em cirurgia.
Procure um ortopedista de sua confiança e peça uma avaliação.
E o conselho para quem ainda não tem e quer evitar o suplício da tendinite é fazer musculação e alongamento com a ajuda de profissional especializado.