E se eu não operar o manguito rotador?

5 de agosto de 2021

Em poucos casos há justificativa para não operar o manguito rotador lesionado. Saiba quais são.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

Não tenha dúvida, se o tendão do ombro rompeu o melhor tratamento é a cirurgia reparadora.

O procedimento já possuiu um longo histórico de sucesso e pode ser realizado de forma minimamente invasiva, usando uma técnica segura, a videoartroscopia.

Mas em algumas circunstâncias deixamos de operar o manguito rotador, que é o conjunto de músculos e tendões que sustentam e garantem a mobilidade do ombro.

Conheça as exceções à regra.

1 – A saúde do paciente não vai bem.

Quando a pessoa não está em bom estado geral de saúde o risco de complicações na cirurgia aumenta. Principalmente se o paciente sofre de doenças que podem provocar trombose, má cicatrização, infecção ou outro fator que implique em risco de vida.

Em casos assim, os especialistas que já tratam o paciente – cardiologistas, cirurgiões vasculares, endocrinologistas, oncologistas e outros -, são consultados.

O objetivo é medir com mais precisão os riscos e benefícios da cirurgia. Após a avaliação global tomamos uma decisão conjunta, médico e paciente.

2 – O paciente é muito idoso.

Em caso de idade avançada, a expectativa de vida é um critério decisivo.

Não é conveniente submeter uma pessoa que está no final da vida a uma cirurgia que, inevitavelmente, exige seis meses de recuperação.

O exame físico e o olhar clínico indicam o melhor caminho a tomar.

3 – O paciente tem pouca dor no ombro.

Algumas pessoas, sofrem a rotura do manguito rotador, mas não sentem muita dor.

Isso ocorre porque o corpo adota um mecanismo de compensação, fazendo com que outros músculos do ombro trabalhem mais para suprir a falta do manguito lesionado.

Estudos apontam que 15% dos pacientes se encaixam neste perfil.

Porém, com o passar do tempo, os tendões que estão funcionando além da sua capacidade se rompem desgastados pela sobrecarga.

Então a dor aparece e, pior, ocorre perda de mobilidade, inclusive com luxações, ou seja, o ombro fica solto e sai do lugar.

4 – O paciente não quer operar.

Nos deparamos com pessoas que simplesmente não querem passar pela cirurgia.

Neste caso o médico, obrigatoriamente, explica que a consequência é a evolução para uma doença chamada artropatia do manguito rotador que pode provocar uma limitação total de movimentos do ombro.

Caso queira saber mais leia o artigo que escrevi sobre o assunto.

Qual o tratamento se eu não fizer a cirurgia do ombro?

O objetivo do tratamento quando não se faz a cirurgia é apenas controlar a dor, pois a lesão sempre existirá e será um fator limitante de movimentos, comprometendo a qualidade de vida.

• A dor é proporcional ao uso do braço, quanto maior o esforço, maior será a dor.

Portanto, a pessoa não pode executar tarefas pesadas no trabalho ou em casa.

• Há medicamentos de uso contínuo para alívio das dores, mas cuidado com os anti-inflamatórios.

Eles não devem ser usados por longos períodos porque causam aumento da pressão arterial e maior risco de AVC (acidente vascular cerebral) e infarto do miocárdio.

• A fisioterapia é importante para fortalecer os músculos do ombro que ajudam a sustentar a articulação e trabalham para suprir a falta do manguito rotador rompido.

Neste caso, a fisioterapia é uma necessidade permanente e não pontual. Os exercícios de fortalecimento devem fazer parte da rotina da pessoa.

Aplicações de compressas quentes, pomadas ou cremes para dores articulares, trazem algum alívio.

Imobilizar o ombro, usando tipoia durante as crises de dor, é outro recurso que dá resultado.

Fazer tudo isso não dispensa a visita regular ao ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

O acompanhamento profissional do caso é importante.

Como vimos, não operar não é a melhor opção, mas uma exceção à regra e gera complicações.

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