A luxação ou deslocamento do ombro é uma lesão muito dolorida e pode ser provocada por trauma ou frouxidão dos ligamentos da articulação. O tratamento pode ser fisioterápico ou cirúrgico, depende da avaliação do ortopedista, baseada nos sintomas de cada paciente.
Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
O ombro é a articulação de maior mobilidade do corpo humano, capaz de realizar movimento rotativo de quase 360 graus.
Na verdade, se trata de um complexo articular formado por cinco articulações.
A principal delas é a articulação glenoumeral onde a extremidade do osso do braço (úmero), que tem uma cabeça arredondada, se encaixa numa parte da escápula que parece “soquete” raso, a fossa glenóide.
É um encaixe ósseo que mantém uma “folga”, por isso a cabeça umeral pode “rodar” ao redor do encaixe escapular, permitindo grande liberdade de movimento.
No entanto, essa forma de encaixe gera também alguma instabilidade.
Precisamos dos músculos e ligamentos em perfeito estado para manter o ombro firme, no lugar.
Quando o ombro se desloca o encaixe é desfeito. A “bola” (cabeça do úmero) fica fora do “soquete” (glenóide).
O termo médico para isso é LUXAÇÃO.
A percepção do desencaixe da articulação é bem clara para quem sofre a lesão.
O problema causa dor intensa que só cede quando o ombro é recolocado no lugar.
Existem dois tipos de luxação do ombro: traumática e atraumática.
• Traumática
A luxação traumática, como diz o nome, é resultado de um trauma. Pode ser uma queda, pancada, golpes de luta, contusões esportivas e outros.
Se dá quando o ombro recebe tamanho impacto que os ligamentos que sustentam a articulação se rompem e causam a luxação do ombro.
• Atraumática
Na luxação atraumática, o ombro se desloca sem trauma.
A causa é a frouxidão ligamentar que pode ocorrer em maior ou menor grau, variando de pessoa a pessoa, e que, com o passar do tempo, aumenta a tal ponto que o ombro sai do lugar.
O diagnóstico clínico é realizado pelo ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
Além do exame físico, o médico pode se amparar em exames de imagem, como a ressonância nuclear magnética, para verificar com precisão os danos nas estruturas do ombro.
Seja na luxação traumática ou na luxação atraumática, a tendência é o ombro se deslocar frequentemente após o primeiro episódio de luxação.
Sendo que em muitas vezes é necessário ir ao pronto atendimento médico para recolocar no lugar.
Confirmado o diagnóstico, o médico avalia os sintomas do paciente e a condição exata da articulação e estruturas de apoio para definir o melhor tratamento.
Em casos de luxação esporádica, a fisioterapia pode restabelecer o equilíbrio articular, através de exercícios de fortalecimento dos músculos que estabilizam o ombro.
Mas quando o paciente se queixa de muita dor, tem a sensação frequente de instabilidade, acompanhado ou não de luxações frequentes, o tratamento cirúrgico é recomendado.
A cirurgia é realizada por videoartroscopia, uma técnica menos invasiva.
Fazendo pequenas incisões e guiado por microcâmera, o cirurgião consegue suturar os ligamentos e restaurar o equilíbrio que a articulação precisa.
Na maioria dos casos a recuperação é completa, permitindo que o paciente retorne às atividades normais sem qualquer prejuízo.
O período de afastamento do trabalho varia de 3 a 6 meses, dependendo da ocupação.
Caso perceba instabilidade no ombro, procure o seu ortopedista de confiança para fazer o tratamento mais indicado para o seu caso.