Lesão SLAP ou ombro do arremessador: é caso de cirurgia?

17 de dezembro de 2020

O problema é causado pela repetição de movimento que agride estruturas do ombro, mas não atinge só atletas.

Atualizado em 11 de maio de 2021.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

Lesão SLAP ou ombro do arremessador

Ao assistir uma partida de beisebol podemos perceber claramente como o ombro do arremessador é extremamente exigido.

Para lançar a bola de modo a surpreender o rebatedor, o arremessador usa e abusa da capacidade de rotação articular, girando o braço energicamente inúmeras vezes.

O exagero na amplitude e a repetição do movimento pode provocar SLAP, sigla em inglês para denominar a lesão do lábio superior do ombro.
A doença também é conhecida como ombro do arremessador porque as primeiras descrições de casos envolviam lançadores do beisebol.

Mas o problema também atinge adeptos de outros esportes que exigem arremessos e saques.

Profissionais ou amadores de handebol, voleibol, tênis de campo ou quem é goleiro de futebol estão expostos ao risco de desenvolver a lesão.

E mesmo a prática de musculação pode provocar SLAP, já que alguns exercícios imitam o movimento de arremesso.
Traumas e a degeneração característica do envelhecimento também estão associados a origem da lesão SLAP.

A partir da confirmação do diagnóstico, o ortopedista orienta exercícios de fisioterapia que resolvem o problema da maioria dos pacientes, mas em alguns casos a melhor solução é cirúrgica.

O que é a lesão SLAP (lesão do lábio superior do ombro)?

O lábio do ombro é um anel de cartilagem que protege toda a borda da glenoide, a cavidade onde o osso do braço se encaixa.

Ele ajuda a dar mais estabilidade ao ombro porque aumenta o tamanho da glenoide.

A lesão SLAP surge na parte superior do lábio, justamente onde estão fixados os tendões do bíceps, músculo do braço. Há vários graus de lesão, algumas podem afetar os tendões e deslocamento do lábio de sua posição original.

A foto do arremessador de beisebol ajuda a entender melhor o problema.

Veja como o atleta faz a rotação extrema do ombro ao preparar o lançamento, levando o braço atrás da cabeça. É uma ação que garante mais velocidade para a bola, mas não é natural, força muito o ombro.

Repetindo o movimento com frequência, aos poucos o ombro ganha mobilidade de rotação externa (giro do braço para cima) por causa da força de tração exercida sobre a articulação. Mas também perde em rotação interna (giro do braço para baixo), porque ocorre uma contratura oposta na cápsula articular.               

              

O lábio do ombro é um anel de cartilagem que protege toda a borda da glenoide, a cavidade onde o osso do braço se encaixa.

Ele ajuda a dar mais estabilidade ao ombro porque aumenta o tamanho da glenoide.

A lesão SLAP surge na parte superior do lábio, justamente onde estão fixados os tendões do bíceps, músculo do braço. Há vários graus de lesão, algumas podem afetar os tendões e deslocamento do lábio de sua posição original.
A foto do arremessador de beisebol ajuda a entender melhor o problema.

Veja como o atleta faz a rotação extrema do ombro ao preparar o lançamento, levando o braço atrás da cabeça.

É uma ação que garante mais velocidade para a bola, mas não é natural, força muito o ombro.

Repetindo o movimento com frequência, aos poucos o ombro ganha mobilidade de rotação externa (giro do braço para cima) por causa da força de tração exercida sobre a articulação.

Mas também perde em rotação interna (giro do braço para baixo), porque ocorre uma contratura oposta na cápsula articular.

 

Movimento anormal de rotação externa do ombro

Observe as imagens acima.

A primeira mostra o movimento anormal de rotação externa do ombro (alcançando um ângulo bem mais aberto) e perda de rotação interna do ombro (limitando o movimento para baixo).
A segunda imagem mostra como é o arco de movimento normal.
Por que a lesão SLAP causa dor?
O bíceps, músculo responsável pela rotação e flexão do antebraço, possui em sua origem dois tendões, pois é um músculo de duas cabeças (bí-ceps).

A cabeça curta é responsável pelo movimento quando o braço está abaixado e a cabeça longa por realizar o movimento com o braço abduzido, em posição de arremesso.
A lesão SLAP provoca uma alteração na biomecânica do ombro, exigindo mais do tendão do cabo longo do bíceps, impactando com maior tração e torção.

Durante o arremesso, esse tendão faz a rotação junto com o ombro e causa dor. O agravamento da lesão pode inflamar os tendões e a pessoa sente dor até em repouso.

        Quais os tratamentos possíveis para a lesão SLAP?

                A lesão SLAP não se regenera, não cicatriza. A dor vem sempre ao realizar o arremesso, diminuindo o rendimento e até impedindo a prática esportiva. É natural que a pessoa adapte o movimento, diminuindo a amplitude e a força para evitar a dor. 

Como tratamento inicial, recomendamos um trabalho com fisioterapia baseado em exercícios que fortaleçam e alonguem toda a musculatura que dá suporte à articulação do ombro. Mas quando não há melhora, o tratamento é cirúrgico.

Vários atletas famosos optaram pela cirurgia, o ex-goleiro, Rogério Ceni e o medalhista olímpico Murilo Endres, do vôlei, estão entre eles.

Importante reconhecer que o reparo da lesão SLAP é tecnicamente desafiador, deve ser realizado por cirurgião experiente, especialista em ombro e cotovelo.

A artroscopia é a técnica mais indicada por ser menos agressiva, o que facilita a recuperação do paciente.

O cirurgião abre pequenas incisões no ombro para inserir instrumentais cirúrgicos e a microcâmera.

Opera guiado pelas imagens transmitidas para a tela de um monitor.

A solução para corrigir o problema de cada paciente é diversa, pode ser preciso reposicionar o lábio do ombro e a cabeça dos tendões.

No pós-operatório a recomendação é usar tipoia por 4 semanas e passar por sessões de fisioterapia durante um período mínimo de 3 meses.

A liberação para voltar ao esporte deve ser avaliada com cuidado, caso a caso, mas geralmente leva 6 meses.

Não há obrigação em operar, mas dependendo do grau da lesão, sem a cirurgia, a dor vai continuar incomodando. Cada paciente deve decidir, apoiado pelo especialista, se prefere se privar do esporte ou fazer a cirurgia e manter a prática que gosta tanto.

Procure um ortopedista especializado na área de ombro e cotovelo para mais informações.

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