Dor persistente no ombro: como tratar?

18 de outubro de 2023

A dor no ombro que insiste em permanecer, apesar de todos os esforços para aliviá-la, pode ser sintoma de lesão séria.

O problema é mais comum após os 40 anos e compreender a causa é o caminho para recuperar a qualidade de vida.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo

Muitas pessoas enfrentam o desafio de uma dor persistente no ombro.

Elas procuram ajuda quando não sabem mais o que fazer para se livrar do sofrimento.

  • Doutor, forcei meu braço e desde então, sinto uma dor que não passa. Já faz mais de 2 meses e tentei de tudo, repousei, coloquei gelo, tomei remédio, mas não melhora.

Ouço essa queixa com frequência em meu consultório, geralmente de pacientes que sofreram uma queda ou realizaram algum esforço mais intenso, sentindo uma dor tão importante que limita a capacidade de elevar o braço.

Em muitos casos, com o tempo, a mobilidade se restabelece, mas a dor não desaparece.

O que pode estar acontecendo?

O episódio que originou a dor no ombro é frequentemente descrito pelos pacientes como "uma corda se rompendo," "um elástico se partindo," ou "uma sensação de estilingada."

Após a lesão, vem a dor que afeta a capacidade de elevar o braço.

Nesse caso, temos um quadro característico de rompimento do tendão do manguito rotador do ombro, conjunto de músculos e tendões responsável, entre outros movimentos, pela elevação do braço.

Observamos em muitos pacientes outro sintoma típico, o desenvolvimento de um hematoma no braço, uma mancha arroxeada que aparece imediatamente ou alguns dias depois da lesão, devido ao sangramento decorrente da ruptura.

Envelhecimento é fator de risco

A lesão normalmente afeta pessoas com mais de 40 anos. À medida que envelhecemos, nossa musculatura perde força e qualidade, mas muitas vezes continuamos a realizar atividades intensas, como se fôssemos mais jovens.

Infelizmente, isso não é sustentável ao longo do tempo.

Muitas pessoas que sofrem o rompimento do manguito rotador já haviam recebido algum alerta.

Sentiam dores leves no ombro ou, talvez, desconforto ocasional, que poderia ser confundido com dor muscular.

São sintomas comumente negligenciados, mas que indicam tendinite pré-existente.

A tendinite é uma doença crônica provocada pela sobrecarga da articulação em rotinas de movimentos repetitivos ou episódios de esforço excessivo. Quando não tratada, ela fragiliza os tendões que ficam suscetíveis às rupturas.

Diagnóstico e tratamento

Se você suspeita que sua condição se assemelha ao que descrevi neste artigo, recomendo buscar orientação médica para avaliação e diagnóstico. Pode ser necessário realizar exames complementares, como ultrassonografia ou ressonância magnética.

Com base nos resultados, o médico consegue definir um plano de tratamento adequado à extensão da lesão no tendão do manguito rotador.

Em caso de ruptura, considerada traumática, a intervenção cirúrgica urgente pode ser necessária.

Isso ocorre porque, após a ruptura, há retração do músculo e do tendão em poucos meses, tornando a sutura cirúrgica impossível se o problema não for tratado a tempo.

Prevenção

A prática regular de exercícios físicos moderados é a melhor forma de prevenir lesões no ombro e outros problemas de saúde. Fortalecer e alongar a musculatura são medidas eficazes para proteger as estruturas das articulações.

Veja bem, não é necessário ser um atleta de alto rendimento, mas sim manter uma prática disciplinada de exercícios físicos.

Quem se mantêm ativo, garante qualidade de vida por mais tempo.

Conclusão

A dor persistente no ombro não deve ser ignorada.

Buscar assistência médica o mais rápido possível é essencial, uma vez que, como vimos, a cirurgia deve ser realizada em uma janela de tempo determinada para garantir o sucesso no tratamento.

Lembre-se de que, em muitos casos, a recuperação plena é possível, e com o devido tratamento e a adoção de hábitos saudáveis, a qualidade de vida e a mobilidade do ombro são recuperadas.

Portanto, não hesite em procurar ajuda profissional para lidar com essa questão.