Como tratar luxação do ombro sem cirurgia

17 de março de 2023

O tratamento da luxação do ombro sem cirurgia é um processo que envolve acompanhamento do ortopedista, fisioterapia e atividade física adequada. Quando bem conduzido pode reduzir o risco do ombro sair do lugar novamente e, consequentemente, danos que tornam a cirurgia inevitável.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

Para definir se a luxação do ombro pode ser tratada sem cirurgia, o ortopedista avalia os danos que ela causou nas diversas estruturas que fazem parte da articulação.

A luxação é a lesão que ocorre por deslocamento do ombro, ou seja, o osso do braço se separa da glenoide, cavidade onde deve permanecer inserido.

Os ossos do ombro podem se desencaixar por consequência de uma contusão (luxação traumática) ou mesmo sem receber impacto (luxação atraumática).

Em ambos os casos, mas especialmente nas luxações traumáticas, pode haver danos nos ligamentos e nos ossos. Inclusive fratura.

Por isso quando a luxação acontece, é preciso procurar o médico para colocar o ombro no lugar com manobra adequada e avaliar a gravidade da luxação.

Quando o ombro sai do lugar com frequência (luxação recidivante), a cirurgia pode ser a única solução.

Portanto, o melhor é buscar o tratamento com ortopedista o quanto antes para fortalecer o ombro e evitar complicações que exigem a intervenção cirúrgica.

Caso queira saber detalhes sobre a doença, leia também o artigo Luxação: por que o ombro sai do lugar aqui no meu blog.

Tratamento conservador da luxação do ombro

O tratamento conservador da luxação do ombro, ou seja, não cirúrgico, está baseado no fortalecimento e estabilização do ombro.

O ombro possui dois tipos de estabilizadores para que se mantenha estável e firme, os primários e o secundários.

Os estabilizadores primários são os ligamentos que compõem a cápsula articular.

Eles são rígidos e têm pouca elasticidade, garantem a mobilidade do ombro e mantêm a articulação firme.

No caso das luxações, os ligamentos podem ter se rompido ou afrouxado.

Por isso o ombro se desloca ao realizar certos movimentos, principalmente a elevação com rotação externa, quando colocamos a mão atrás da cabeça, por exemplo.

Se os estabilizadores primários se fragilizam, os secundários devem entrar em ação para evitar que os ossos se desencaixem.

Os estabilizadores secundários são formados por um conjunto de 4 músculos chamado de manguito rotador.

• Supraespinal
• Infraespinal
• Subescapular
• Redondo menor

Com estes músculos fortalecidos, o ombro pode tornar-se estável e o risco de luxação diminui.

Como é realizado o tratamento de luxação sem cirurgia

Com estes músculos fortalecidos, o ombro pode tornar-se estável e o risco de luxação diminui.

Como é realizado o tratamento de luxação sem cirurgia

O tratamento é conduzido pelo ortopedista que faz o diagnóstico e orienta o trabalho de fisioterapia.

A terapia fisioterápica consiste na realização de exercícios específicos, sob a supervisão de profissional capacitado para aplicar determinadas técnicas de fortalecimento e mobilidade.

Com a evolução do tratamento fisioterápico, o paciente é liberado para a prática de atividades físicas na academia.

Manter fortes os músculos do manguito rotador é essencial para evitar novas luxações do ombro.

Estão entre as atividades indicadas:

• Musculação
• Natação
• Exercícios funcionais
• Pilates
• Hidroginástica

Na maioria das vezes alcançamos ótimos resultados quando o paciente segue as orientações com disciplina.

Quando a cirurgia é inevitável?

Caso o ombro continue a sair do lugar, provavelmente o seu caso é cirúrgico. Uma nova avaliação deve ser feita pelo médico.

Mas não desanime, o tratamento conservador com fortalecimento deve ser realizado por um período mínimo 3 a 6 meses antes de se concluir que a cirurgia é necessária.

Lembrando que a luxação do ombro ocorre 3 vezes mais nos homens do que nas mulheres, com prevalência entre 1 e 2 % da população.

Em pacientes jovens é maior a chance de luxação recidivante (deslocamentos recorrentes).

Alguns estudos mostram que mais de 90% das luxações em atletas com menos de 20 anos de idade se tornam frequentes.

Na faixa dos pacientes que têm entre 20 e 25 anos, a reincidência diminui de 50 a 75%.

Uma boa notícia para os quarentões é que a partir desta fase da vida os ligamentos começam a ter um enrijecimento natural, o que pode beneficiar o seu ombro, pois dá mais firmeza à articulação.

Procure o seu ortopedista de confiança para acompanhar o caso e ter o tratamento adequado.

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