Artroscopia do ombro: a experiência do cirurgião faz a diferença.

27 de julho de 2021

Leva tempo para dominar as técnicas da artroscopia do ombro, um procedimento complexo que desafia o ortopedista.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

Sabemos que a experiência é de extrema importância em tudo o que fazemos.

É o experimento prático do conhecimento. O meio de desenvolver a habilidade para fazer algo. A única forma de aperfeiçoar a competência técnica.

E como se dá este processo, de aprender na prática, dentro da medicina?

Como treinar para fazer uma cirurgia de alta precisão onde o erro pode ser fatal?

Muitas vezes não há uma segunda chance.

O médico tem que acertar de primeira para preservar a vida do paciente ou uma capacidade que lhe confere qualidade de vida.

Na medicina, especialmente em uma cirurgia, a experiência é primordial.

Como se forma um cirurgião?

A formação de um cirurgião é um processo rigoroso que leva ao menos uma década.

Na faculdade de medicina são seis anos de estudo.

O treinamento prático começa na residência médica, um período de quatro anos para se tornar um especialista.

É uma rotina extenuante de estudo e participação direta na solução de casos simples e complexos.

Uma vivência necessária para deixar o médico pronto a servir o paciente.

Cada especialidade tem seus desafios.

Na minha área de atuação, ombro e cotovelo, a artroscopia ou videoartroscopia é um deles.

Artroscopia do ombro

A artroscopia do ombro representa um grande avanço técnico na forma de diagnosticar e tratar lesões na articulação.

A recuperação do paciente é muito mais rápida e menos dolorida. O procedimento é minimamente invasivo comparado ao método tradicional.

Não é uma cirurgia aberta. Fazemos apenas pequenas incisões na pele do paciente, geralmente com no máximo 8 mm de diâmetro.

Por um destes orifícios, chamados portais, inserimos o artroscópio, um instrumento em forma de canudo muito fino, acoplado a uma microcâmera que transmite imagens, ampliadas e de alta qualidade, de dentro da articulação.

O cirurgião opera olhando para um monitor de vídeo.

Pelos outros portais entram pinças e o material para sutura e fixação de estruturas da articulação.

É um procedimento considerado de alto grau de dificuldade técnica.

Durante a residência médica o treinamento para realizar a vídeoartroscopia é intenso. Hoje são usados bonecos e softwares que simulam a cirurgia por vídeo no ombro. É bem próximo do real e ajuda bastante a desenvolver habilidade.

Mesmo assim, todo médico sabe que, terminada a formação, a curva de aprendizado para dominar o conjunto de técnicas da artroscopia do ombro dura 8 anos.

Aos poucos, o mais novo vai conquistando a destreza e a segurança necessárias para executar o procedimento com auxílio de equipe própria.

A autoconfiança e a prática caminham juntas.

Com o tempo também fica mais fácil tomar decisões e superar problemas inesperados que podem ocorrer numa cirurgia.

Minha experiência

Enfrento o desafio da artroscopia há 16 anos, atuando como cirurgião de ombro e cotovelo em Londrina, no Paraná.

Já realizei mais de 1.800 videoartroscopias.

É uma caminhada considerável, mas quanto mais faço, mais percebo a complexidade da operação e o valor da experiência numa situação limite.

Humildemente, continuo estudando e procurando melhorar minha técnica para poder servir a quem necessitar de uma cirurgia do ombro e cotovelo.

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