Como um médico se prepara para as cirurgias?

5 de janeiro de 2023

Realizar uma cirurgia é uma tarefa que requer conhecimento, habilidade, experiência e responsabilidade. O médico precisa passar por longos anos de estudo e treinamento para adquirir as competências necessárias para realizar os procedimentos cirúrgicos, desenvolvendo e aperfeiçoando sua prática pessoal. A curva de aprendizado varia de acordo com a especialidade, para se dominar a técnica de videoartroscopia do ombro e cotovelo, por exemplo, são necessários 8 anos de prática.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

Uma cirurgia pode ser a única solução para restaurar a saúde de uma pessoa.

Diariamente, o Brasil e o mundo são testemunhas desses tratamentos que exigem atenção e competência do profissional médico.

Do lado do paciente, é indispensável estar seguro de que tomou a decisão correta, que seguiu as orientações e que está sendo atendido por alguém de confiança.

Porém, qual a preparação necessária para o médico realizar este ato tão significativo?

A cirurgia é a oportunidade em que o médico pode intervir e alcançar a cura da doença.

Logo, é vista como o ápice de seu trabalho, quando ele pode fazer a diferença crucial na vida de uma pessoa.

As habilidades de um cirurgião são adquiridas através de anos de estudo e de treinamento, desvendando e superando os desafios das cirurgias mais simples às mais complexas.

Primeiro atuando sob a supervisão de professores, até progredir e concluir a formação e finalmente estar apto a conduzir a sua própria experiência.

É o que chamamos de curva de aprendizado e que varia em sua duração, afinal cada cirurgia possui um nível de dificuldade diferente.

Minha especialidade, dentro da Ortopedia, é a Cirurgia do Ombro e Cotovelo, na qual a curva de aprendizado é considerada longa.

Para dominar a técnica por videoartroscopia são necessários 8 anos de prática nesta área.

Passamos um longo tempo dentro de um hospital escola, onde começamos a treinar com bonecos que reproduzem a anatomia humana.

Após avançar em conhecimento e habilidade, passamos a acompanhar cirurgias comandadas por professores e, com cautela, damos os primeiros passos na realização dos procedimentos, ainda sob a supervisão de especialistas.

A evolução continua na prática profissional, melhorando com o passar do tempo, até o nível da excelência.

É como andar de bicicleta. Para andar sem cair, para se chegar de um ponto a outro não demoramos muito, já enfrentar longas distâncias, realizar manobras e malabarismos, depende de bastante prática e condicionamento.

Leva tempo.

O ato cirúrgico é tão importante que envolve um nível de responsabilidade que muitas vezes é subestimado pelo leigo.

Não é somente entrar em campo e realizar o procedimento de forma mecânica.

É preciso se preparar, pois quando o médico entra na sala de cirurgia, ele é a única pessoa responsável pelo que vai acontecer.

É uma responsabilidade enorme, muito pesada.

Não podemos negar que qualquer cirurgia pode ter complicações, dificuldades esperadas e imprevistos.

Pode até não dar certo.

Por isso um cirurgião precisa desenvolver capacidades e competências que são essenciais para o bom desempenho.

• Conhecimento aprofundado das ciências médicas
• Habilidades clínicas
• Boa comunicação e habilidades interpessoais
• Capacidade de tomar decisões rápidas e precisas
• Conhecimento de procedimentos cirúrgicos
• Compromisso com os melhores cuidados ao paciente
• Habilidades técnicas para executar as cirurgias
• Capacidade de trabalhar em equipe
• Comprometimento com a ética médica
• Capacidade de lidar com a pressão

É responsabilidade do médico tomar uma série de cuidados e providências antes de realizar uma cirurgia para garantir segurança e sucesso.

Isso inclui revisar o histórico médico do paciente, conferir os equipamentos e materiais necessários para a cirurgia, estabelecer as etapas do procedimento, reunir a equipe cirúrgica, realizar ensaios pré-operatórios e estar em condições de praticar a técnica cirúrgica adequada para o caso.

O médico também deve se certificar de que o paciente esteja consciente dos riscos e benefícios do procedimento.

Além disso, deve seguir as diretrizes de biossegurança para que o local da cirurgia seja seguro tanto para os pacientes, como para os profissionais.

A cirurgia é, sem dúvida, um momento de alto estresse e desgaste mental, que pode ser maior do que passar o dia todo no consultório atendendo vários pacientes.

Por isso, como todos que desempenham tarefas que envolvem extrema perícia e responsabilidade, o médico necessita se preparar não somente em termos técnicos, mas também emocionais.

Cada profissional tem o seu modo de buscar equilíbrio e controle emocional.

Para mim é essencial ter uma noite de sono adequada, para estar descansado no momento da cirurgia, e, como alguém espiritualizado, costumo orar e agradecer antes de iniciar o procedimento.

Durante a cirurgia, procuro me concentrar totalmente, sem dar espaço para qualquer motivo de distração.

Apesar de todas as dificuldades, a recompensa de saber que foi feito o melhor possível é muito gratificante.

Cada vez que o cirurgião consegue êxito, ganha coragem para seguir dedicado a esse trabalho fundamental para a manutenção da vida.

Sou feliz por ter escolhido esse caminho na medicina e por isso quis compartilhar um pouco da experiência única que vive o médico cirurgião.

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