Quando a cirurgia do ombro é inevitável?

25 de agosto de 2021

A cirurgia do ombro é a única forma de reparar algumas lesões, sejam de origem traumática ou não. Saiba quais são.

Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.

cirurgia do ombro

A maioria dos pacientes fica preocupada com a possibilidade de precisar de cirurgia do ombro.

Com razão, é preciso estar seguro da indicação cirúrgica.

Afinal não é um tratamento simples.

A cicatrização é lenta, as dores demoram a sumir e a mobilidade não volta de uma hora para outra.

Respeitando todos os cuidados pós-operatórios e passando por reabilitação fisioterápica adequada, são aproximadamente seis meses até a recuperação total.

Por isso o ortopedista avalia com muito critério a necessidade de submeter uma pessoa ao procedimento cirúrgico. Mas em alguns casos é inevitável.

Felizmente hoje temos recursos para realizar a cirurgia do ombro por videoartroscopia.

A técnica é menos invasiva, traz excelentes resultados e reduz muito o sofrimento do paciente se comparado a cirurgia tradicional.

Obviamente, só uma avaliação do especialista dirá se o seu caso é cirúrgico.

Mas se o diagnóstico for de ruptura do manguito rotador ou luxação do ombro a cirurgia pode ser a única solução. Vou explicar quais são os pontos decisivos para indicação de tratamento cirúrgico.

1 - Ruptura do manguito rotador do ombro

O que é

O manguito rotador, formado por músculos e tendões, é uma estrutura essencial para garantir os movimentos e a estabilidade do ombro.

Se ocorre uma sobrecarga muscular que ultrapassa a capacidade de resistência dos tendões, as fibras se rasgam como uma corda que desfia e arrebenta.

Ruptura traumática e atraumática

O manguito rotador pode se romper de forma traumática, por conta de uma queda ou batida na região do ombro.

Mas a lesão pode surgir também de forma atraumática, sem estar associada a nenhum grande impacto.

Nós usamos bastante a articulação, conforme envelhecemos, as tarefas normais do dia a dia são o suficiente para desgastar e fragilizar os tendões.

Quem não faz atividade física regular para fortalecimento dos ombros fica ainda mais vulnerável.

Sintomas

Inicialmente a lesão pode causar dor apenas quando a pessoa faz algo que demanda maior esforço, como esfregar, carregar peso ou elevar o braço. Em repouso o desconforto desaparece.

Mas sem tratamento o quadro piora, a dor é constante independentemente das atividades, incomodando especialmente durante a noite.

Por causa da lesão, elevar o braço passa a ser um movimento muito difícil.

Diagnóstico

Exames de imagem contribuem para um diagnóstico preciso, permitem que o médico avalie com mais segurança a gravidade do caso e a necessidade de cirurgia.

Qual é o principal indicador para a tomada de decisão? A extensão

O tratamento é cirúrgico caso a área da ruptura seja maior que 50% da espessura do tendão.

Se a área lesionada for menor que 50%, o tratamento é clínico, combinando reabilitação fisioterápica, medicamentos e repouso.

Porém, caso a dor persista após 6 meses de tratamento convencional, é preciso operar.

2 - Luxação do ombro

O que é

A luxação do ombro ocorre quando a cabeça do úmero, que é a parte superior do osso do braço, sai do lugar, se desencaixa da omoplata.

A dor é intensa e a pessoa deve buscar atendimento de urgência num hospital.

O médico vai devolver o osso à posição original por meio de manobras específicas.

Não tente fazer isso por conta própria, você pode causar sérios danos à articulação, inclusive fratura do ombro.

Luxação traumática e atraumática

A luxação pode ser traumática, ou seja, consequência de queda, trombada, acidente, luta ou outro impacto forte. Quando o trauma acontece é comum o rompimento do ligamento glenoumeral anterior.

Se não houver cicatrização do tecido, a luxação pode se repetir a qualquer momento, quando a pessoa estica o braço, se espreguiça ou até mesmo enquanto dorme.

A forma atraumática ocorre devido à uma frouxidão dos ligamentos do ombro, característica de pessoas que possuem hipermobilidade articular.

Elas têm, naturalmente, uma mobilidade das articulações (não só do ombro), maior que o normal. Por isso o osso pode se desencaixar facilmente.

Neste caso, o tratamento é clínico, com reabilitação fisioterápica para fortalecer os músculos estabilizadores do ombro. A maioria dos pacientes obtém um bom resultado.

A repetição de episódios de deslocamento do osso caracteriza uma doença, a luxação recidivante do ombro, que, na maioria das vezes, exige tratamento cirúrgico.

Espero ter ajudado, respondendo algumas das suas dúvidas. Não deixe de consultar um ortopedista especialista em ombro para avaliar o seu caso.

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