Em poucos casos há justificativa para não operar o manguito rotador lesionado. Saiba quais são.
Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
Não tenha dúvida, se o tendão do ombro rompeu o melhor tratamento é a cirurgia reparadora.
O procedimento já possuiu um longo histórico de sucesso e pode ser realizado de forma minimamente invasiva, usando uma técnica segura, a videoartroscopia.
Mas em algumas circunstâncias deixamos de operar o manguito rotador, que é o conjunto de músculos e tendões que sustentam e garantem a mobilidade do ombro.
Conheça as exceções à regra.
Quando a pessoa não está em bom estado geral de saúde o risco de complicações na cirurgia aumenta. Principalmente se o paciente sofre de doenças que podem provocar trombose, má cicatrização, infecção ou outro fator que implique em risco de vida.
Em casos assim, os especialistas que já tratam o paciente – cardiologistas, cirurgiões vasculares, endocrinologistas, oncologistas e outros -, são consultados.
O objetivo é medir com mais precisão os riscos e benefícios da cirurgia. Após a avaliação global tomamos uma decisão conjunta, médico e paciente.
Em caso de idade avançada, a expectativa de vida é um critério decisivo.
Não é conveniente submeter uma pessoa que está no final da vida a uma cirurgia que, inevitavelmente, exige seis meses de recuperação.
O exame físico e o olhar clínico indicam o melhor caminho a tomar.
Algumas pessoas, sofrem a rotura do manguito rotador, mas não sentem muita dor.
Isso ocorre porque o corpo adota um mecanismo de compensação, fazendo com que outros músculos do ombro trabalhem mais para suprir a falta do manguito lesionado.
Estudos apontam que 15% dos pacientes se encaixam neste perfil.
Porém, com o passar do tempo, os tendões que estão funcionando além da sua capacidade se rompem desgastados pela sobrecarga.
Então a dor aparece e, pior, ocorre perda de mobilidade, inclusive com luxações, ou seja, o ombro fica solto e sai do lugar.
Nos deparamos com pessoas que simplesmente não querem passar pela cirurgia.
Neste caso o médico, obrigatoriamente, explica que a consequência é a evolução para uma doença chamada artropatia do manguito rotador que pode provocar uma limitação total de movimentos do ombro.
Caso queira saber mais leia o artigo que escrevi sobre o assunto.
O objetivo do tratamento quando não se faz a cirurgia é apenas controlar a dor, pois a lesão sempre existirá e será um fator limitante de movimentos, comprometendo a qualidade de vida.
• A dor é proporcional ao uso do braço, quanto maior o esforço, maior será a dor.
Portanto, a pessoa não pode executar tarefas pesadas no trabalho ou em casa.
• Há medicamentos de uso contínuo para alívio das dores, mas cuidado com os anti-inflamatórios.
Eles não devem ser usados por longos períodos porque causam aumento da pressão arterial e maior risco de AVC (acidente vascular cerebral) e infarto do miocárdio.
• A fisioterapia é importante para fortalecer os músculos do ombro que ajudam a sustentar a articulação e trabalham para suprir a falta do manguito rotador rompido.
Neste caso, a fisioterapia é uma necessidade permanente e não pontual. Os exercícios de fortalecimento devem fazer parte da rotina da pessoa.
• Aplicações de compressas quentes, pomadas ou cremes para dores articulares, trazem algum alívio.
• Imobilizar o ombro, usando tipoia durante as crises de dor, é outro recurso que dá resultado.
Fazer tudo isso não dispensa a visita regular ao ortopedista especialista em ombro e cotovelo.
O acompanhamento profissional do caso é importante.
Como vimos, não operar não é a melhor opção, mas uma exceção à regra e gera complicações.