A lesão conhecida como cotovelo do tenista é comum e o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico.
Por Fernando Cinagava, ortopedista especialista em ombro e cotovelo
A epicondilite lateral do cotovelo é uma inflamação nos tendões dos músculos extensores do punho e dos dedos.
A pessoa sente dor na parte de fora do cotovelo e, com o passar do tempo, no antebraço e nas costas das mãos. Especialmente quando segura algo ou faz o movimento de torcer.
A dor aumenta gradualmente e a região do cotovelo fica muito sensível. Pode haver também fraqueza e rigidez muscular.
A doença foi descrita inicialmente no final do século 19, a partir da observação de casos em escritores, jardineiros e tenistas. Por isso ficou conhecida como tennis elbow ou cotovelo do tenista.
Apesar do nome, menos de 10% dos casos são de praticantes do esporte.
Em 1923, Cohen e Romeo afirmavam: A origem da epicondilite lateral é variada; sua patologia, obscura; e sua cura, incerta. A visão permanece, de certa forma, atual.
A eficácia do tratamento clínico e do cirúrgico é de 80 e 90% respectivamente, portanto a chance de cura da epicondilite lateral é boa, mas infelizmente, em alguns casos, a doença se torna crônica e não responde bem aos tratamentos possíveis.
É um problema que exige cuidados constantes e mudança de hábitos.
A epicondilite lateral do cotovelo ocorre quando usamos demasiadamente o braço, repetindo movimentos com frequência e impondo sobrecarga. A lesão evolui lentamente, comprometendo os tendões.
Muitas vezes o paciente associa o surgimento do problema a uma pancada no cotovelo. Mas esse é apenas um gatilho comum para potencializar a dor originada na inflamação e degeneração dos tendões.
Quando a epicondilite está instalada em grau avançado a dor é constante.
A pessoa sofre para executar movimentos simples ou atividades que faziam parte da rotina, como pegar um produto na prateleira do supermercado, usar o mouse do computador, segurar a barra dos halteres ou jogar uma partida de tênis.
Veja algumas práticas que podem contribuir para a lesão.
• Digitação por períodos prolongados (computador e celular)
• Prática de musculação
• Prática de tênis e outros esportes que usam raquete ou taco
• Trabalhos manuais (linha de produção de fábrica, artesanato, escrita)
O diagnóstico é clínico, realizado por meio de exame físico e análise do histórico da dor.
Nos casos mais graves podem ser necessários exames de imagem complementares como ultrassom, radiografia ou ressonância nuclear magnética.
Inicialmente o tratamento é conservador, o paciente deve evitar qualquer prática que cause sobrecarga no braço e se submeter aos recursos terapêuticos determinados pelo ortopedista.
• Prática de alongamento
• Aplicação de compressas frias
• Uso de órteses de cotovelo (imobilizadores)
• Sessões de fisioterapia
• Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios
• Terapia de ondas de choque
• Infiltrações de corticoides
Alerto que a infiltração deve ser feita de forma cautelosa, pois a aplicação de corticoide repetidas vezes pode causar a degeneração dos tendões e inflamação crônica.
Caso o tratamento clínico falhe, o recurso é a cirurgia. O procedimento pode ser realizado de forma tradicional (cirurgia aberta) ou por videoartroscopia (por meio de pequenas incisões). O objetivo é retirar a parte inflamada dos tendões.
Após a cirurgia o paciente deve imobilizar o cotovelo usando uma tipoia por um período de 2 a 3 semanas. Também é importante fazer fisioterapia para recuperar a força e a mobilidade.
Portanto, se estiver sentindo dores no cotovelo, procure o ortopedista. Quanto antes tratar, maior a chance de cura.